April 01, 2010

recomenda-se

já temos prá troca


Mais um cromo da bola. Assim não vamos lá...

P.S.: Abstive-me pela primeira vez numas legislativas com Santana Lopes no PSD. Agora abstenho-me de novo, claro.

March 01, 2010

portuguez



Hoje lia um artigo no Expresso Online - de futebol ainda por cima - e deparei-me com uma pequena caixa editorial, avisando os leitores que o dito site passa a utilizar o português definido pelo novo Acordo Ortográfico.
A única palavra que vi alterada foi "receção". O engraçado é que a caixa era entitulada "Nota da Direcção". Com dois C. Todos. Que eu saiba, tanto o P como C em ambas as palavras são mudos: ninguém diz recePção nem direCção, mas no entanto não é seguido o critério da grafia seguir a fonética nestes casos.

Aquilo que me parece é que não há critério.

Se não se quiser ser politicamente correcto, pode-se afirmar que os brasileiros não sabem escrever português. E em muitos casos também não o sabem falar. Eu como nem sequer percebo esse conceito bizarro, digo-o. E lá porque eles não o sabem fazer, nós temos de deixar de escrever correctamente?

Estou mesmo a ver que vou ter de voltar a explicar aos meus filhos que não se lê recessão, mas sim recéssão, e que dantes se escrevia de uma maneira lógica mas agora houve uns senhores (ignorantes) que decidiram que a língua pode ser abastardada por decreto.

January 11, 2010


Vem agora o líder do PPM reclamar uma mudança constitucional e referendar a monarquia. Talvez a reboque da gracinha do 31 da Armada (que teve muita graça, diga-se).
Se a natureza do regime pouco me diz - existem poucas diferenças entre uma monarquia europeia moderna e um regime parlamentar como o nosso - há no entanto algo de perverso na aplicação de uma monarquia ao caso português. Ao contrário da Grã-Bretanha, da Suécia ou da Dinamarca, por exemplo, onde as famílias brasonadas são tão terra-a-terra como os demais (e onde a palavra súbdito aplicada a um cidadão tem tanto significado como o termo porco-espinho), por cá voltaríamos a ter os Dons e as Donas de trazer-por-casa, arrogantes e ignorantes, tentando fazer valer o seu estatuto como fazem muitos doutores e engenheiros da nossa praça (seja o curso discutível ou não, mas isso são outros quinhentos). A sociedade lusa - ou mais propriamente tuga - adora vergar-se e fazer vergar perante um título, um canudo, um estrelato ou qualquer outra propriedade que dê diferenciação. É um autêntico dó-de-alma observar o normal homo tuguensis na presença dos seus presumíveis superiores, bajulando, genuflectindo e babando-se alarvemente por estar na presença do astro-rei.

Poupemo-nos a mais esta indignidade, deixando a discussão de regime para um futuro longínquo onde sejamos mais cultos, educados e, principalmente, dignos.

January 06, 2010


É curioso ler um texto de Ramalho Ortigão sobre o estado da nação, escrito no início do século XX (publicado parcialmente hoje no Público) e fazer o seu paralelismo com a situação hoje vivida no país:

"Sobre a sociedade portuguesa, lentamente, surdamente, progressivamente contaminada pela mansa e sinuosa corrupção política, o escritor foi impiedoso: A indisciplina geral, o progressivo rebaixamento dos carácteres, a desqualificação do mérito, o descomedimento das ambições, o espírito de insubordinação, a decadência mental da imprensa, a pusilanimidade da opinião, o rareamento dos homens modelares, o abastardamento das letras, a anarquia da arte, o desgosto do trabalho, a irreligião, e, finalmente, a pavorosa inconsciência do povo."

À parte o detalhe da irreligião, problema que hoje não se põe, a análise continua certeira um século depois.

Evoluímos imenso.

December 29, 2009

play it again, sam…


Casamento homossexual; regionalização; investimento público injustificado... as políticas habituais aplicadas numa situação de excepcionais dificuldades para os portugueses, esquecendo o desemprego, a precariedade do mesmo, a insolvência do Estado e o desperdício patente do mesmo — assistimos à mesma falta de visão que pontuou a política portuguesa dos últimos 20 anos, infelizmente no pior dos momentos.
Play it again, José.

August 26, 2009

no news...


Quanto mais vejo as notícias ditas "sérias", mais aprecio este senhor.

August 18, 2009

porque sim?


Uma das promessas da campanha de há quatro anos era criar 150 000 novos postos de trabalho. Outra era acabar com o défice "escandaloso" do Estado. Nenhuma destas promessas foi cumprida. A primeira viu-se que não seria cumprida muito antes da tão falada crise se ter estabelecido; a segunda, apesar de ter sido parcialmente cumprida, foi de tal forma executada através dos meios errados que, vinda a crise, estamos em pior situação do que estávamos. São apenas dois exemplos que suscitam questões interessantes.

A questão óbvia que se põe é porque é que os portugueses consideram votar de novo num partido que obteve tais resultados governativos?.

A questão que mais me interessa é menos óbvia, mas talvez mais pertinente nos dias que correm: como é que um primeiro-ministro que teve uma incapacidade tão patente para governar o país tem a coragem de se candidatar de novo?

August 17, 2009

descubra as diferenças


O nosso PM anuncia o fim da crise. Talvez por decreto. A Chanceler Merkel discorda, afirmando não ser sério apostar em datas para o final da recessão.

Chego a duas tristes conclusões:
a) entre os dois, creio poder confiar mais na Chanceler alemã;
b) os alemães têm políticos minimamente sérios e os portugueses, não.

August 12, 2009

a brincar, a brincar...


A piada do 31 da Armada na varanda da CML veio, claro, reacender os argumentos monarquia versus república. As vozes que se levantam normalmente preferem, em vez de pensarem, lançar as atoardas do costume: a república é melhor que... em 100 anos a república não fez... a monarquia não passa de...

A verdadeira questão não é essa. A mais antiga - e mais eficaz - democracia da Europa é, ainda, uma monarquia; alguns dos mais violentos regimes totalitários do mundo eram repúblicas. Houve péssimas monarquias e excelentes repúblicas. E vice versa. A questão centra-se noutro ponto, completamente diferente. Os verdadeiros valores a defender são os da democracia e do parlamentarismo, esses sim garantes do bem-estar e da estabilidade da sociedade. Se depois temos uma república ou uma monarquia é de todo indiferente.

Há no entanto uma diferença abissal entre os dois regimes: Monarquia das Bananas não soa nada bem.

August 11, 2009

inveja

dúvida existencial

Não sei se este blog vai reacordar. Não faço a mínima ideia. Como vem aí a verdadeira silly-season, as eleições, talvez valha a pena voltar a escrever aqui. Talvez não.

ribbit

Estou a tentar criar um blog no Sapo. Por piada. Está no entanto a perder a piada toda: o serviço é lento, confuso... chato.

Porque é que somos sempre assim?

que grande 31


Uns rapazes (ou raparigas) do 31 da Armada hastearam a bandeira albiceleste da monarquia nos Paços do Concelho em Lisboa.
Provocação infantil, dirão uns; acto de guerrilha, dirão outros. Eu cá - como ignorante que sou - digo que teve piada e demonstrou como as nossas instituições são completamente vazias de sentido de humor.

Não adianta nada à discussão de regime, mas que teve piada, teve.

October 24, 2008

magellan


O Magalhães - o computador e não o sr. da Mercearia Fina - é, a meu ver, um erro disparatado, desnecessário e evitável. Não porque as crianças do Ensino Básico não necessitem de adquirir conhecimentos na áreas das tecnologias de informação, mas porque têm de aprender coisinhas bastante mais importantes que, infelizmente, não dão uma boa cobertura no telejornal, nem um bom spin nem votos. A tabuada, o abecedário, as contas de somardividirsubtrairemultiplicar, os pronomes, predicados e toda a restante parafernália que os vai dotar da capacidade futura de pensar. Têm de aprender línguas a ler, escrever e a contar sem muletas, processadores de texto com corrector ortográfico, calculadoras ou PCs de meia tigela.

Qualquer criança de 10 anos aprende a navegar na web em 10 minutos; ou a teclar num telemóvel em mau português; ou a programar a porcaria do DVD melhor que o pai. Só um total infoexcluído (lindo neologismo) pensa que alguma destas coisas é difícil. Aquilo que é difícil é saber que raio de fórmula se usa no Excel sem saber peva de matemática. Ou aprender os inúmeros sinónimos da palavra "dactilografar" para não usar sempre o mesmo no Word.

Apesar de ter iniciado o meu contacto com o PC aos vinte e muitos anos - se não contar com o ZX Spectrum da minha adolescência - hoje uso o Office, o Photoshop, o Illustrator, o Freehand, o Quicken e dezenas de outros programas sem sequer ter de me esforçar, provavelmente porque a minha professora primária sacava imediatamente do apagador em madeira e feltro sempre que me via a contar pelos dedos.

Seria interessante que o currículo do Ensino Básico incluísse uma disciplina de TI, onde as crianças aprendessem o básico como dactilografar com mais de dois dedos e com a língua de fora (como eu) ou utilizassem programas simultaneamente educativos e lúdicos que os preparassem para uma utilização futura mais séria da ferramenta. Agora, um PC por criança permanentemente na sala de aula? Para quê?

September 11, 2008

o silêncio, por enquanto, é de ouro

Não percebo a procupação dos comentadores políticos, e dos media em geral, com o silêncio de Manuela Ferreira Leite enquanto líder do PSD. A sério que não percebo. Depois de três anos com líderes tão verborreicos como Santana Lopes e Menezes - que, para mal dos nossos pecados, voltou a falar - o silêncio é bem-vindo. Ainda não conheço as ideias que MFL tem para o país ou para solucionar a nossa contínua crise, mas desde já agradeço o seu silêncio de propriedades calmantes. Até há alguns meses atrás qualquer afirmação do presidente do PSD ou de sus muchachos era causa de sobressalto e de gemer entredentes "mas que raio vem agora ele dizer..." ou "oh não! lá vem o gajo outra vez!"; os líderes falavam por falar, para terem tempo de antena, e não porque aquilo que tinham a dizer fosse pertinente ou importante. Era uma espécie de corrida ao microfone. Ao fim de um mês já ninguém lhes ligave nenhuma, principalmente o PS. Agora, se Ferreira Leite falar, escuta-se. Presta-se atenção. O PS já percebeu isso, de tal forma que já surgem hipóteses de coligações, de cenários eleitorais menos favoráveis para 2009 e alguns sinais de nervosismo.

Luís Filipe Menezes não percebeu nada disto. E como quer a ribalta política a todo o custo, fala.

August 27, 2008

Tendo em conta o clima de insegurança, o desemprego elevado, a falta de competitividade das empresas, a falta de produtividade dos trabalhadores, a falta de competência dos governantes, a falta de idoneidade dos me(r)dia, a falta de educação, de justiça, de saúde e de capacidade para resolver qualquer problema social, haverá ainda solução para este país?

Aceitam-se sugestões.

August 06, 2008

zai jian beijing


Talvez seja por ser idealista, ou por estar totalmente removido da realidade, mas há um pequeno pormenor sobre as olimpíadas de 2008 que me faz urticária:

as olimpíadas clássicas eram uma forma de competição saudável entre as cidades-estado gregas para evitar os conflitos entre estas;

Pierre de Coubertin lançou as olimpíadas modernas com o mesmo princípio, isto é, promover o encontro de culturas de modo a haverem menos conflitos entre as ditas.

Tendo em conta estes valores basilares como é que se entrega a organização do evento a um país onde os Direitos Humanos são considerados uma piada de mau gosto, onde a liberdade de expressão é praticamente inexistente ou onde o acesso à informação é limitado de todas as formas possíveis e imagináveis, para citar apenas os problemas menores do Império do Meio. Se tivessemos apenas em conta o espírito olímpico a China nem poderia participar nas olimpíadas, quanto mais organizá-las. Mas, como tudo, também esse espírito está à venda.

méi wèn tí.