O fim-de-semana faz-me isto: obriga-me a pensar. Depois de pôr o Tico e o Teco a discutir um com o outro, cheguei à brilhante conclusão que Cavaco Silva será o pior Presidente da República dos noventa e tal anos da instituição. Senão vejamos: não é um intelectual; não sabe falar; não é advogado; despreza por completo o sistema partidário, considerando-o redutor para o sistema democrático; não é "bem"; não é telegénico ou bonacheirão. Pelo contrário, é sério. Sistemático. Tenta ser competente naquilo que faz. É pragmático. Acima de tudo, cometeu o maior pecado possível de cometer desde que nasceu o Conde de Oeiras: foi talvez o único primeiro-ministro competente em Portugal nas últimas três décadas.
Portugal não precisa de ninguém assim! Agora que temos as mentes brilhantes de Sócrates no Governo e candidatos com a dimensão de Carrilho à maior autarquia do país, quem é que, no seu perfeito juízo, quer alguém com estas características em Belém? Não é muito melhor ter lá o sorridente, anafado e apatetado Soares? Incompetente até à quinta casa, decerto, mas muito melhor figura paternal para o povão, para o país.
O que será melhor? o Lobo Mau da década de noventa (a década de maior crescimento em Portugal desde o 25 de Abril, diga-se) ou o Avô Cantigas?
Para já a candidatura de Soares a Belém teve uma virtude inesperada: eu, pobre cidadão desiludido que não vota nas presidenciais desde que o Freitas era de direita, vou em 2006 a correr às urnas para pôr a minha cruzinha no "chato de Boliqueime". E não porque ache que o homem é a melhor coisinha que apareceu desde o advento do pão em fatias. Pura e simplesmente porque a santíssima trindade Soares/Sócrates/ Carrilho me assusta enormemente.
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