October 24, 2008

magellan


O Magalhães - o computador e não o sr. da Mercearia Fina - é, a meu ver, um erro disparatado, desnecessário e evitável. Não porque as crianças do Ensino Básico não necessitem de adquirir conhecimentos na áreas das tecnologias de informação, mas porque têm de aprender coisinhas bastante mais importantes que, infelizmente, não dão uma boa cobertura no telejornal, nem um bom spin nem votos. A tabuada, o abecedário, as contas de somardividirsubtrairemultiplicar, os pronomes, predicados e toda a restante parafernália que os vai dotar da capacidade futura de pensar. Têm de aprender línguas a ler, escrever e a contar sem muletas, processadores de texto com corrector ortográfico, calculadoras ou PCs de meia tigela.

Qualquer criança de 10 anos aprende a navegar na web em 10 minutos; ou a teclar num telemóvel em mau português; ou a programar a porcaria do DVD melhor que o pai. Só um total infoexcluído (lindo neologismo) pensa que alguma destas coisas é difícil. Aquilo que é difícil é saber que raio de fórmula se usa no Excel sem saber peva de matemática. Ou aprender os inúmeros sinónimos da palavra "dactilografar" para não usar sempre o mesmo no Word.

Apesar de ter iniciado o meu contacto com o PC aos vinte e muitos anos - se não contar com o ZX Spectrum da minha adolescência - hoje uso o Office, o Photoshop, o Illustrator, o Freehand, o Quicken e dezenas de outros programas sem sequer ter de me esforçar, provavelmente porque a minha professora primária sacava imediatamente do apagador em madeira e feltro sempre que me via a contar pelos dedos.

Seria interessante que o currículo do Ensino Básico incluísse uma disciplina de TI, onde as crianças aprendessem o básico como dactilografar com mais de dois dedos e com a língua de fora (como eu) ou utilizassem programas simultaneamente educativos e lúdicos que os preparassem para uma utilização futura mais séria da ferramenta. Agora, um PC por criança permanentemente na sala de aula? Para quê?

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