January 11, 2010


Vem agora o líder do PPM reclamar uma mudança constitucional e referendar a monarquia. Talvez a reboque da gracinha do 31 da Armada (que teve muita graça, diga-se).
Se a natureza do regime pouco me diz - existem poucas diferenças entre uma monarquia europeia moderna e um regime parlamentar como o nosso - há no entanto algo de perverso na aplicação de uma monarquia ao caso português. Ao contrário da Grã-Bretanha, da Suécia ou da Dinamarca, por exemplo, onde as famílias brasonadas são tão terra-a-terra como os demais (e onde a palavra súbdito aplicada a um cidadão tem tanto significado como o termo porco-espinho), por cá voltaríamos a ter os Dons e as Donas de trazer-por-casa, arrogantes e ignorantes, tentando fazer valer o seu estatuto como fazem muitos doutores e engenheiros da nossa praça (seja o curso discutível ou não, mas isso são outros quinhentos). A sociedade lusa - ou mais propriamente tuga - adora vergar-se e fazer vergar perante um título, um canudo, um estrelato ou qualquer outra propriedade que dê diferenciação. É um autêntico dó-de-alma observar o normal homo tuguensis na presença dos seus presumíveis superiores, bajulando, genuflectindo e babando-se alarvemente por estar na presença do astro-rei.

Poupemo-nos a mais esta indignidade, deixando a discussão de regime para um futuro longínquo onde sejamos mais cultos, educados e, principalmente, dignos.

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